O RASTREADOR DOS SETE MARES
Durante muitos anos, acho 37 anos o mar territorial Brasileiro foi patrulhado por um avião muito especial. O S2 Tracker, denominado para Força aérea Brasileira de P16.
Originalmente projetado para a Marinha Americana, a US NAVY para trabalhar embarcado nos porta aviões, que são bases aéreas navegantes, o Tracker entrou em serviço no final da década de 50 na versão S2F-1.
Cena de um porta aviões Americano na década de 60.
A função principal deste avião é caçar submarinos, e é por isto que eles tem uma suíte eletrônica, os S2F-1 dispunham do radar de busca AN/APS-38, instalado em um radome retrátil no ventre, da antena retrátil MAD na cauda e de uma antena localizadora de emissões eletrônicas AN/APA-69, montada em um radome sobre a cabine de pilotagem (os primeiros exemplares tinham uma antena dipolo APA-69). Quando não em uso, o radome do AN/APS-38 ficava aproximadamente 15cm abaixo da fuselagem; para a sua operação, ele era estendido completamente, aproximadamente 62cm. Já a antena MAD estendia-se a aproximadamente 23cm pra trás; com ela, os operadores de sistema do Tracker eram capazes de observar a mudança no campo magnético da Terra, causado pela presença do casco metálico do submarino sob a água.
Os Tracker também dispunham de sonobóias e dispositivos SUS ("signal-underwater-sound"), os quais eram instalados na porção traseira das nacelas dos motores. Oito sonobóias SSQ-2 e duas SSQ-1 eram transportadas em cada nacela e, uma vez lançadas em determinados padrões de busca, eram capazes de detectar ruídos emitidos pelo submarino; essas informações eram retransmitidas ao Tracker, permitindo a determinação da posição do submarino. Já os SUS eram pequenas cargas explosivas submarinas - suas detonações produziam ondas sonoras que, refletidas pelo casco do submarino, eram captadas pelas sonobóias. Os primeiros exemplares dos S2F-1 tinham nacelas traseiras retas; posteriormente, uma carenagem foi adicionada à parte superior das mesmas, para melhorar o fluxo aerodinâmico, dando às nacelas um perfil de gavião (daí o seu apelido, "hawkbill").
Alguns poucos S2F-1 tiveram sua designação alterada para S2F-1S (ou S-2B a partir de 1962) ao receberem o sistema JULIE/JEZEBEL de detecção eletrônica. JULIE era um sistema de determinação de distância por eco acústico, e JEZEBEL era um sistema de busca de eco. Mantendo os mesmos motores do S-2A, os S-2B foram pouco utilizados e substituídos por versões mais modernas do Tracker.Já a versão S2F-1S1 ou S-2F foi largamente utilizada pela U.S. Navy; caracterizava-se por transportar equipamentos ASW mais modernos, bem como uma versão atualizada do sistema JULIE.Apesar do Tracker representar uma grande evolução, ao combinar as funções caçador-matador em uma única aeronave, as primeiras versões de uso operacional - S2F-1, S2F-1S e S2F-1S1 - sofriam de uma deficiência: a baia de armamentos era insuficiente para acomodar as cargas de profundidade nucleares disponíveis na década de 50. A fim de eliminar este problema, a Grumman projetou o S2F-2 (ou S-2C), o qual tinha uma baia alargada, à esquerda da fuselagem. Outras modificações incluíam o reforço dos cabides subalares e o aumento da envergadura dos estabilizadores, de 6,81m para 8,28m.Com a entrada em serviço de outras versões, mais avançadas, do Tracker, 48 S-2C foram convertidos em US-2C, com a remoção de seu equipamento ASW e utilizados principalmente como rebocadores de alvos e como alvo para radares. Essa variante utilitária diferia das outras - US-2A e US-2B - por incluir um equipamento de reboque de alvo instalado no lugar do radome retrátil, bem como por não ter coberturas para os lançadores das sonobóias nas nacelas.
A CHEGADA AO BRASIL
Em 1974, foi adquirido um lote de oito aeronaves S-2E, a partir de estoques da U.S. Navy, a um custo de US$93.000,00 cada. A compra dessas aeronaves, designadas como P-16E, trouxeram duas modificações à frota de P-16 já existente: os Tracker do primeiro lote foram
Foto tirada no porta aviões Minas Gerais na década de 60.
re-designados P-16A, e oito deles foram, ao longo dos anos, sendo convertidos para o padrão UP-16, semelhante aos US-2B, com todo o equipamento ASW removido e capacidade de transporte de até cinco passageiros. A chegada dos P-16E levou à reativação do 2º Esquadrão do 1º GAE, o qual passou a operar os P-16A e UP-16, em missões de treinamento e transporte, enquanto os P-16E foram utilizados pelo 1º Esquadrão.
Em 1988, a FAB deu início ao processo de conversão dos P-16E para o padrão S-2T. A empresa canadense IMP foi a vencedora da licitação para o trabalho de conversão e, em 6 de fevereiro de 1989, o P-16E 7036 levantou vôo da BASC, com destino a Halifax, Canadá, para tornar-se o primeiro P-16H da FAB. A conversão previa a substituição dos veteranos motores a pistão Wright R-1820-82C, de 1525HP, pelos turbo-hélices Pratt&Whitney PT6A-67CF de 1650SHP, girando hélices pentapás. Em 14 de julho de 1990 o 7036 realizou seu primeiro vôo de teste. Foi transladado para o Brasil ao final do ano, ainda ostentando a designação P-16E na cauda, chegando à BASC em 24 de dezembro de 1990, após 33h40min de vôo.
Nos dias 21 e 22 de março de 1991, o 7036 fez seus primeiros testes a partir do "Minas Gerais", o que incluiu três arremetidas, três toques-e-arremetidas, seis pousos, duas catapultagens e três decolagens livres. Infelizmente, vários problemas - a nível técnico e de gerenciamento - assolaram o projeto P-16H, tanto pela inexperiência da IMP na conversão (ao contrário da Marsh Aviation e da IAI), como pela crônica falta de recursos destinados à FAB. Com isso, o projeto, que previa a conversão de doze exemplares do P-16E, a um custo total de CND$40 milhões, foi cancelado em 1996.Isso soou como o canto de morte dos P-16. Em 13 agosto de 1996, foi realizado o último vôo operacional a partir do "Minas Gerais", pela aeronave P-16E 7034, tendo pousado na BASC. No dia seguinte, o 7034 decolou da BASC para uma missão de esclarecimento marítimo e vetoramento de alvos para os helicópteros SH-3A da MB. Após três horas de duração, a missão terminou com o pouso no "Minas Gerais", e com ela encerrou-se a operação dos Tracker a partir do porta-aviões.Ao pousar, o 7034 teve uma pane de motor, e só voltou a voar em 9 de outubro de 1996, quando foi catapultado pela última vez do "Minas Gerais". As operações do P-16 na FAB encerraram-se no dia 30 de dezembro de 1996, quando a tripulação composta pelo Ten.-Av. Phelipe, Maj.-Av. Adonil, Sgt. Thiesen e Sgt. Gelson transladou o P-16E 7037 da BASC até o Museu Aeroespacial - MUSAL, no Campo dos Afonsos.Além do 7037, o MUSAL abriga o P-16A 7016, o qual foi transladado em vôo no dia 23 de agosto de 1995, quando cessaram as operações dos P-16A na FAB. Outro Tracker conservado para exposição é o P-16E 7032, o qual encontra-se na BASC. Outros dois (um deles sendo o 7034) foram adquiridos pela empresa de transporte aéreo TAM para exposição em seu museu em Americana/SP.Excetuando-se os dez Tracker perdidos em acidentes durante os 37 anos de operação do tipo pela FAB, e os cinco preservados, 12 encontram-se estocados no Parque de Material Aeronáutico de São Paulo - PAMA/SP.
Fonte: http://www.abrapat.org.br/P-16.htmlorg.br/P-16.html
Hoje quem opera com muito sucesso este avião já modernizado é a Marinha Argentina, e que anualmente faz exercícios com a Marinha do Brasil a bordo do porta aviões São Paulo, e isso já vem acontecendo desde o início da década de 90 quando era usado o porta aviões Minas gerais.
S2 da Marinha Argentina, fazendo exercícios em conjunto com a Marinha do Brasil a bordo do porta aviões São paulo.
O Tracker, não é apenas um avião de patrulha marítima e ataque a submarinos, é um dos 3 únicos aviões com esta função, que foram projetados para pousar e decolar de porta aviões, e isso dá a ele a maior flexibilidade de alcance pelos mares.
Existem estudos para que a Marinha do Brasil compre alguns S2 para modernizar assim como os Argentinos, para poder complementar o atual porta aviões com a função de patrulha marítima, que é de vital importância para a proteção do mar territorial do Brasil.
Acima, fotos de uma base aéra da Korea e um S2 decolando do porta aviões Koreano.
Hoje muitos destes aviões descansam no deserto do Arizona, ou a espera de uma “Nação amiga" para compra-los ou os recicladores de alumínio.
Aviões estocados no deserto do Arizona
Esdras Franco
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