Voo Rasante

sábado, julho 25, 2015



CORCEL II: O FILHO DA CRISE DO PETRÓLEO


Na década de 70, mais precisamente por volta de 1976 quando a crise do petróleo foi mais intensificada no Brasil, todos os projetos automobilísticos tiveram alguma mudança, ou de projeto ou de resultados nas vendas.

A ordem era ser econômico e naquele momento os clássicos Dodge Dart foram atingidos em cheio por não terem uma versão com 4 cilindros e sim somente os V8. Todos os carros com motores 6 e 8 cilindros, tiveram drástica queda nas vendas em consequência do alto preço da gasolina.
Estava declarada a decadência dos grandes motores onde poucos sobreviveram, como o Opala por ter versão de 4 cilindros e os Alfa Romeo TI4 e Landau, mas estes atendiam a um nicho pequeno de mercado que continuava existindo, que era o mercado de representação e ricos.

O que realmente vendia eram os carros com pequenos motores, fazendo com que novos projetos daquele momento em diante já previssem esta nova tendência.

Naquele momento nasce um carro que foi um filho da crise que era a nova geração do Ford Corcel. De visual muito moderno para sua época e com espaço generoso no interior e porta malas. Ele era quase um carro grande, mas com um pequeno motor 1.4 proveniente do Corcel 1.

Então no final de 1977 veio ao mundo o Corcel II, que imediatamente mudou os parâmetros do mercado nacional e de cara canibalizando as vendas do seu irmão mais velho o Maverick.

Em 1987 só sobrou o Del Rey, com a Belina e a Pampa. Naquele momento a idade do motor já era algo que começava a impactar nas vendas e a Ford nada fazia, deixando a linha morrer por falta de atualização. Por último, com a união de duas montadoras (Ford e VW), fábricas de zumbis automotivos, o Del Rey teve seu último suspiro com a adoção do motor 1.8 VW, mais adequado à proposta do carro porém, um péssimo sinal da fraca gestão do fabricante em não colocar um motor Ford no carro.

No inicio da década de 90 com uma inflação gigante, o Del Rey já não tem mais brilho diante das evoluções do mercado e deixa de ser produzido em 1991 de forma melancólica para um carro que teve seu auge da moda nos anos 80. Mesmo para os leigos, um Ford usar um motor VW era algo como uma clara demonstração de que uma montadora não investia em sua própria tecnologia.

Em resumo, este foi um grande projeto nacional que foi fruto de um cenário mundial de crise do petróleo, mas voltado à uma realidade do Brasil e exportado para outras nações da amarica latina. Ele merece o título de Grande Brasileiro.

A qualidade e carisma de um carro pode ser medida pela atual frota circulante que mesmo após muitos anos do fim da sua produção, ainda é um veículo muito presente no trânsito brasileiro, tornando-se ainda parte do mundo real de automóveis ativos no Brasil.
No mundo dos carros desprezados, o Corcel passa muito longe dele ainda tendo um carisma circulante nas ruas.
O último integrante real da linha Corcel foi fabricado até 1997 com a Ford Pampa.













No mundo dos colecionadores algumas versões do Corcel II são as mais colecionáveis por serem muito raras, entretanto, todos são colecionáveis.
Por ordem de raridade:


1 - Corcel GT 1978 - O capa preta.









2 - Corcel Hobby




3 - Corcel Serie Campeões.






4 - Corcel 5 estrelas



5 - Corcel Astro







6 - Corcel Belina 4X4










Esdras Siqueira Franco